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Time Out, 29 outubro 2014

29.10.14

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Visão, 16 outubro 2014

21.10.14

(Texto abaixo)

 

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O apocalipse alentejano

 

“Entre todos os lugares possíveis, foi naquele ponto certo. O serão ia adiantado e sem lua, só estrelas geladas a romperem o opaco do céu, espetadas a partir de dentro. Galveias descaía lentamente para o sono, os pensamentos evaporavam-se.” Assim começa o novo livro de José Luís Peixoto, Galveias, romance elegíaco, alegórico, empático, delirante e neorrealista à vez. Grande fresco de personagens rurais, gente formada por tragicomédias e solidões de todo o tamanho, espécie de auto da barca do inferno em que todas as falhas e vaidades ficarão a nu, o romance é também uma homenagem às raízes familiares do escritor, há 40 anos nascido nesta vila alentejana do concelho de Ponte de Sor, em Portalegre. Um ínfimo ponto no vasto croché geoestratégico em que, atualmente, medimos as nossas vizinhanças, mas que, aqui, ganha ressonância universalista, caixa de Pandora de onde escapam pecados mais ou menos capitais. O autor amplifica acidentes e improbabilidades até elevá-los ao estatuto de parábolas ambiciosas – à maneira de Saramago. E os leitores enfrentarão esta sensação: “As certezas eram muito miúdas, tinham de ser catadas com a pontinha dos dedos.”

 

Retome-se a geografia: “Rodeada por campos negros, pelo mundo, Galveias agarrava-se à terra.” Mas, vinda do espaço, uma “coisa sem nome” vai sacudir a arrumação cósmica, a ordem terrena, a pacatez das Galveias: atmosfera rompida, cratera aberta nos campos, um cheiro “que tresandava a enxofre e a borregum”, uma esfera “imóvel, vaidosa, a exibir-se”, difundindo um calor ardente. A população fica “banzada”, e poucos dias passados – quase tantos quantos os que levou Deus a criar o mundo – o caos instala-se, libertando bíblicas luxúria, ira, fratricídio, gula, escatologia... Um a um, vão-se revelando os personagens desta Galveias ficcional: Catarino, dono da mota Famélia, às avessas com a memória paterna; Armindo Cabeça, figura temida numa família com muitas bocas para alimentar; o velho Justino que tem contas velhas de cinquenta anos a acertar; a professora Maria Teresa, cujos esforços pedagógicos são mal vistos pelos vizinhos; o padre Daniel, que afoga crises de fé no álcool; Rosa Cabeça que se vingará contra Joana Barrete... Um paroxismo à espera de redenção.

 

Mas aqui está também um retrato de um Alentejo à espera do futuro – uma outra redenção. Galveias começa num janeiro de 1984, quase uma década passada sobre o 25 de abril, tinha Peixoto também dez anos: por vezes, é o seu olhar de miúdo que sentimos. Descrevendo mistérios rudes e ancestrais como o de esfolar uma lebre, por exemplo. Ou no mapeamento das paisagens galveenses como um labirinto intemporal e familiar: umas quantas ruas, o jardim e o campo da bola, o Monte da Torre e a barragem da Fonte da Moura, o Vale das Mós e a herdade da Cabeça do Coelho. Mas, em 1984, há sinais de um futuro urbano, digamos assim: Madalena não descola os olhos da telenovela, a brasileira Isabella trabalha na boîte onde os homens amansam instintos; há os pais emigrados que trazem carros novos todos os anos...

 

Tudo isto, um universo e as suas poeiras, um apocalipse à escala regional, uma parábola civilizacional, um puzzle de memórias pessoais e de personagens indissociáveis, José Luís Peixoto condensa num retrato permeado pela sinceridade e, numa linguagem que deixa as idiossincrasias alentejanas “ameigarem-lhe” a mão.

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jornal i, 18 outubro 2014

21.10.14

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Diário de Notícias, 15 outubro 2014

21.10.14

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A Bola, 15 outubro 2014

21.10.14

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Correio da Manhã, 12 de outubro de 2014

21.10.14

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