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Expresso, Agosto de 2016

28.09.16

Revista E JLP.png

10 Perguntas a...

  1. As palavras gastam-se?

Não creio. Somos nós que nos gastamos. Ou, melhor, somos nós que, se não estamos atentos, nos deixamos gastar.

 

  1. Vários erros ortográficos podem dar cabo de um romance?

Há erros ortográficos feios. Ainda assim, existem os revisores e, nalguns casos, as segundas edições.

 

  1. Como nas canções com que chorámos, também a dor é mais rentável nos livros?

Não sei dizer. Aquilo que me parece desejável é que, sendo a literatura uma realização humana, não se iniba de produzir reflexão sobre algo tão humano como são os sentimentos. Acreditar que a inteligência é isenta de sentimentos é irracional, não é inteligente.

 

  1. Em Portugal temos mais dificuldade em lidar com o sucesso ou essa 'condenação' é universal?

Em Portugal ou noutros países, não me parece que exista uma condenação do sucesso. O sucesso é sempre valorizado. Mas, claro, o sucesso é bastante relativo, o que faz com que uns condenem aquilo que outros valorizam e vice-versa.

 

  1. O que te fez continuar (mais importante do que começar)?

Quando há alguma consciência, continuar é um início permanente. Ainda assim, mesmo alimentando esse desejo de consciência, não me é fácil identificar em poucas linhas tudo o que me dá energia para viver.

 

  1. Na escola devíamos aprender que os homens também choram?

Sem dúvida. Incomoda-me a superficialidade do debate "homens vs. mulheres" e a atribuição de características masculinas ou femininas. Acredito que as diferenças são biológicas e que a diferenciação é incutida socialmente.

 

  1. Qual foi o primeiro livro que te fez sentir especial?

Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano, foi um livro que li na adolescência e que me marcou muito. Foi um dos primeiros que me chamou a atenção para a escrita.

 

  1. A um filho teu lês Sophia ou Camões?

Desde que os meus filhos sabem ler que não tenho hábito de lhes ler livros. Para grande satisfação minha, os meus filhos são ótimos leitores. Eles próprios decidem o que querem ler.

 

  1. Combates o estatuto de pop star da literatura portuguesa?

Não creio que esse estatuto seja real. Trata-se de uma ideia que é referida periodicamente em entrevistas como esta. No entanto, é certo que acredito na importância e na necessidade do leitor - a obra depende dele; também é certo que sempre preferi divertir-me e agir naturalmente do que fazer planos rígidos acerca da imagem que projeto para os outros.

 

  1. Ainda fazes piercings?

Há 14 anos que não tenho piercings novos.

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