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Sobre Almoço de Domingo, in Jornal de Letras, março 2021

10.03.21

 

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Novo romance... em Campo Maior

 

Dois anos depois de Autobiografia, em que fez de José Saramago uma personagem, e apenas um ano depois do livro de poesia Regresso a Casa, o romancista está de regresso com o Almoço de Domingo. O livro, que chega às livrarias dia 25, com a chancela da Quertzal, tem como base a história de vida de Rui Nabeiro, conhecido empresário de Campo Maior, fundados dos Cafés Delta. O JL ouve o autor sobre o livro, de que se antecipa um excerto.

 

José Luís Peixoto, 46 anos, natural de Galveias, no concelho de Estremoz, colaborador do JL, é um dos maios traduzidos e reconhecidos escritores portugueses da sua geração, dividindo-se entre ficção, poesia e literatura de viagens. Da sua obra destacam-se, entre outros, Nenhum Olhar (Prémio José Saramago 2001), A Criança em Ruínas (2001), Uma Casa na Escuridão (2002), Cemitério de Pianos (2006), Dentro do Segredo (2012) e Galveias (2014, Prémio Oceanos).

 

JL: Que romance é este?

José Luís Peixoto: Nestas páginas, acompanhamos três dias da vida de um homem que está prestes a fazer 90 anos. Durante esse período, visitamos as suas memórias, a forma como construiu a sua vida. Este romance permitiu-me voltar a alguns temas que já tratei noutros livros e, de certa forma, levá-los para mais longe. É esse o caso da família, enquanto tema, ou do Alentejo, enquanto cultura e cenário. Este é, também, um romance que volta a propor contrastes entre ficção e biografia, como aconteceu nos meus romances Em Teu Ventre e Autobiografia. Essa é uma dimensão que tenho tentado trabalhar sobre várias vertentes, não apenas nestes exemplos, mas em todos os livros que escrevi até hoje.

 

Que diferença tem dos seus livros?

A nível prático, talvez a grande diferença seja o facto de ter partido da intenção de escrever um romance colado às memórias do senhor Rui Nabeiro, ilustre alentejano que, em 2019, me falou da vontade de ter a sua biografia escrita. Pessoalmente, não me era muito interessante escrever um texto biográfico convencional E, após algum tempo, fui eu que lhe contrapropus a ideia de escrever um romance. Até porque, depois de trabalhar em projetos anteriores figuras como o José Saramago, Francisco Lázaro ou a Irmã Lúcia, achei extremamente desafiante a oportunidade de desenvolver um romance com a participação direta do próprio protagonista. Pareceu-me que, a esse nível, a ambição desta proposta era ainda mais profunda.

Ao longo de cerca de um ano e meio, foi um verdadeiro privilégio mergulhar nas memórias e nas ideias deste homem, que nasceu em 1931, que tem feito um caminho ímpar, marcante para a região e para o país. Por outro lado, considerando a dimensão pessoal e íntima de muito do que está descrito no romance, foi um trabalho bastante sensível. Por outro lado ainda, este romance permitiu-me aprofundar certas especificidades que foram muito interessantes, como a realidade da raia, por exemplo.

 

A pandemia afetou a escrita deste romance?

Sem dúvida. Creio que este tempo, com toda a sua crueza e violência, fez com que o romance se estruturasse de modo inequívoco à volta da ideia de balanço da vida. Uma reflexão que, creio, tem passado pela cabeça de muita gente neste período. Também é certo que, com uma personagem de 90 anos como protagonista, e estando nós a atravessar este momento tão penalizador para os mais velhos, a reflexão que o romance propõe acerca da idade e da velhice não podia ignorar estas circunstâncias, ainda que indiretamente, uma vez que optei por não incluir referências à pandemia.

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