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Público, Dezembro 2016

07.12.16

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 O escritor José Luís Peixoto, vencedor do Oceanos - Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, anunciado terça-feira à noite em São Paulo, Brasil, disse estar especialmente feliz por ter recebido o prémio pelo romance Galveias.

 

“Foi uma enorme realização ter um reconhecimento no Brasil por um livro com o qual tenho uma relação sentimental grande, um romance no qual falo do lugar onde nasci e tento explicar este mundo”, disse esta quarta-feira o escritor à agência Lusa, já depois do anúncio do prémio.

 

Lançado no Brasil em 2015, Galveias decorre num Portugal rural, no qual as personagens representam tipos do Alto Alentejo e se vêem envolvidos em conflitos típicos de uma sociedade do interior do país.

 

Apesar de também narrar factos extraordinários, como a queda de um meteorito, o autor disse que a história não procura fazer uma desconstrução fantástica da realidade, mas sim problematizar experiências que existem neste momento, que quase sempre escapam à percepção das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos de Portugal e até mesmo do Brasil.

 

“Portugal e o Brasil são muito diferentes do ponto de vista das dimensões, mas têm o ‘centrismo’ como um aspecto comum. Em Portugal tudo se passa em Lisboa, no Porto ou no Sul. No Brasil, nas grandes capitais. Este romance [cuja história acontece num pequeno povoado] revela que, além do mundo conhecido, existe Galveias, um lugar que é Portugal e também faz parte da sua identidade”, explicou.

 

Sobre a natureza do prémio Oceanos, que reconhece anualmente escritores de língua portuguesa, provenientes de Portugal, Brasil e África, o escritor comenta que tem um profundo respeito pelos autores deste lugares, já que, para si, não é possível escrever sem “levar em consideração o grande património da literatura de língua portuguesa”.

 

Sobre o Brasil, país que costuma visitar para promover o seu trabalho e encontrar amigos, Peixoto revelou grande admiração pela obra de autores clássicos como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, e contemporâneos como Luiz Ruffato, Milton Hatoum e Bernardo de Carvalho.

 

O prémio Oceanos, que sucedeu ao antigo Portugal Telecom de literatura, é o mais recente que José Luís Peixoto junta ao seu rol. O escritor venceu o prémio José Saramago, em 2001, com o romance Nenhum Olhar, o segundo da sua carreira, que também foi incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados no Reino Unido, em 2007, e recebeu o galardão Salerno Libro d’Europa, em 2013, por Livro, entre outras distinções.

 

 

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Folha de São Paulo, Dezembro 2016

06.12.16

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O escritor português José Luiz Peixoto foi o vencedor deste ano do Prêmio Oceanos, com o romance “Galveias” (Companhia das Letras), anunciou na noite desta terça-feira (6) a organização do troféu literário.

 

No romance premiado, Peixoto usa suas memórias de infância e conta uma história passada em sua cidade natal, que tem o mesmo nome do livro, na região do Alentejo. A narrativa é disparada pela queda de um meteorito no local.

 

“É incrível estar numa cidade como São Paulo, com 16 milhões de pessoas, a falar de um lugar que tem mil pessoas. Acho importante que nossos países se conheçam por inteiro. Não posso deixar de dedicar esse prêmio a essas mil pessoas que estão em Galveias e existem, com sua dose de resistência, às dificuldades do interior de Portugal”, disse o autor.

 

Nas demais colocações, todos os livros eleitos pelo júri do Oceano são de lançamentos do Grupo Companhia das Letras.

 

“A Resistência”, de Julián Fuks, por exemplo, que havia ganhado o Prêmio Jabuti de livro de ficção do ano, ficou em segundo lugar.

 

Em terceiro, veio “O Livro das Semelhanças”, da mineira Ana Martins Marques, uma das vozes mais importantes da poesia contemporânea nacional, mas que não havia figurado entre os 14 finalistas de poesia no Prêmio Jabuti.

 

“Maracanazo e Outras Histórias”, de Arthur Dapieve, fiou em quarto.

 

O primeiro colocado receberá como prêmio R$ 100 mil; o segundo, R$ 60 mil; o terceiro, R$ 40 mil; e o quarto, R$ 30 mil. O prêmio é promovido pelo Itaú Cultural.

 

Entre os dez finalistas, estavam ainda “Escuta” (Companhia das Letras), de Eucanaã Ferraz, “Manual de Flutuação para Amadores” (7Letras), de Marcos Siscar, e “Sermões” (Iluminuras), de Nuno Ramos.

 

Também concorriam o romance “Uma Menina Perdida no seu Século à Procura do Pai” (Companhia das Letras), de Gonçalo M. Tavares; “Ainda Estou Aqui” (Alfaguara), de Marcelo Rubens Paiva; e “Jeito de Matar Lagartas”, de Antonio Carlos Viana.

 

Morto em outubro deste ano, Viana é um dos homenageados da cerimônia do Oceanos.

 

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O Globo, Dezembro 2016

06.12.16

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O romance “Galveias”, do escritor português José Luís Peixoto, foi o grande vencedor do Oceanos — Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa, antigo Portugal Telecom, que desde o ano passado vem sendo viabilizado pelo Itaú Cultural. Outro romance, “A resistência”, de Julián Fuks, que acabou de ganhar o Prêmio Jabuti como Livro do Ano na categoria ficção, ficou em segundo lugar. A coletânea de poemas “O livro das semelhanças”, de Ana Martins Marques, ficou em terceiro lugar, e o escritor, jornalista e colunista do GLOBO Arthur Dapieve ficou em quarto com o livro de contos “Maracanazo e outras histórias”.

 

Várias rodadas de discussão

O anúncio dos melhores de 2015 foi feito ontem à noite, durante cerimônia de premiação no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

— Neste ano, tivemos um equilíbrio grande entre os dez finalistas, que se dividiram entre quatro romances, quatro livros de poesia e dois de contos. Prova disso foi a reunião do júri, muito difícil. Foram necessárias umas três ou quatro rodadas de discussões, e nem assim chegamos ao consenso. Tivemos que partir para votação mesmo. Mas os jurados estavam muito confortáveis porque, segundo eles, o conjunto dos finalistas era muito bom — disse Selma Caetano, criadora e curadora do prêmio em parceria com o crítico literário Manuel da Costa Pinto.

Dois romances levaram os primeiros lugares da premiação. Misto de memória e realismo fantástico, “Galveias” parte de um fiapo de história, a queda de um meteorito no vilarejo onde Peixoto nasceu, na região do Alentejo, para se desenvolver em uma narrativa que opõe tradição e modernidade. Fuks também garimpou na memória a premissa de “A resistência”, cujo narrador desconfia que seu irmão adotivo seja filho de ativistas desaparecidos no auge da ditadura argentina, em meados dos anos 1970.

Na terceira e na quarta colocações, um livro de poesia e outro de contos. Dividido em quatro partes, “O livro das semelhanças”, da mineira Ana Martins Marques, busca recuperar o mundo e as coisas por meio da palavra. “Maracanazo e outras histórias” reúne cinco contos em que Dapieve percorre diversos temas, que vão da música ao futebol, passando pelo cotidiano do Rio de Janeiro, sempre buscando o lado humano desses universos.

Com R$ 230 mil em prêmios, o Oceanos destina R$ 100 mil para o primeiro lugar, R$ 60 mil para o segundo, R$ 40 mil para o terceiro e R$ 30 mil para o quarto colocado.

Este ano, foram inscritos 740 livros em língua portuguesa publicados no país no ano passado. Os vencedores passaram por três etapas de avaliação, a primeira com 50 semifinalistas e a segunda com 10 finalistas. O júri final, que repetiu a formação do corpo de jurados da fase semifinal, foi formado pela professora e ensaísta Beatriz Resende, pelos escritores Cristovão Tezza, José Castello e Rodrigo Lacerda, além dos poetas Heitor Ferraz Mello e Sérgio Alcides.

 

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O Estado de São Paulo, Dezembro 2016

06.12.16

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Galveias, ambientado na aldeia natal do escritor José Luís Peixoto, ganhou ontem à noite, o primeiro lugar do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa, do Itaú Cultural. O romance fala sobre o choque de um país. Portugal, preso às tradições e à modernidade que assola a sociedade. Na cerimônia, Peixoto dedicou o prêmio à sua aldeia Galveias, “com seus mil habitantes que resistem (com sua cultura), assim como alguns lugares no Brasil”.

O segundo lugar ficou com A Resistência, de Julián Fuks, vencedor do Jabuti na categoria romance e como Livro do Ano de ficção. A poesia em O Livro das Semelhanças, de Ana Martins Marques, e os contos Maracanazo e Outras Histórias, de Arthur Dapieve, também foram contemplados. O escritor disse que a literatura tem sido o compromisso com as palavras e com o passado. Encerrou o discurso com "Fora, Temer" e foi muito aplaudido.

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Em seu segundo ano, o prêmio, que se chamava Portugal Telecom de Literatura e teve 14 edições, recebeu um número recorde de inscrições, 740 entre romances, poesia, contos e crônicas e dramaturgia.

A festa de premiação ocorreu no Auditório Ibirapuera e prestou uma homenagem ao escritor sergipano Antonio Carlos Viana, que antes de morrer em 10 de outubro, aos 72 anos, era um dos dez finalistas com Jeito de Matar Lagartas. O livro havia recebido o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) na categoria Contos/Crônicas.

A curadoria deste ano foi feita pela idealizadora do prêmio, Selma Caetano, e pelo jornalista e crítico literário Manuel da Costa Pinto, que dividiram a seleção dos melhores em três etapas. Na primeira, 42 jurados escolheram 50 livros que foram submetidos a outros avaliadores, que chegaram aos 10 finalistas. Um novo júri teve a difícil tarefa de chegar aos quatro livros vencedores.

O total de prêmios em dinheiro do Oceanos este ano foi de R$ 230 mil: R$ 100 mil para o primeiro lugar, R$ 60 mil para o segundo, enquanto o terceiro e o quarto lugares receberam R$ 40 mil e R$ 30 mil, respectivamente (em valores, Oceanos só perde para o São Paulo de Literatura).

Com a divulgação dos ganhadores do Oceanos se encerra a temporada de prêmios literários, que começou em novembro do ano passado com a escolha da APCA, seguido pelo São Paulo de Literatura, do governo do Estado, o da Biblioteca Nacional e o mais tradicional do País, o Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

 

 

 

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Diário de Notícias, Dezembro 2016

06.12.16

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O livro do escritor português foi considerado o melhor em língua portuguesa editado este ano no Brasil.

O romance Galveias, do escritor português José Luís Peixoto, é o vencedor do prémio literário Oceanos, organizado pelo Itaú Cultural, no Brasil, foi anunciado pelo júri.

Peixoto e os outros três autores distinguidos este ano pelo Oceanos - Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, os brasileiros Julián Fuks, Ana Martins Marques e Arthur Dapieve, foram escolhidos pelos curadores do galardão, a investigadora Selma Caetano, especialista na obra de Graciliano Ramos, e Manuel da Costa Pinto, jornalista e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada, pela Universidade de São Paulo. Os quatro trabalhos vencedores foram apresentados esta noite, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Peixoto recebe um prémio no valor de 100 mil reais, o que corresponde a cerca de 27 mil euros.

Para os críticos que escolheram o romance de Peixoto como o melhor livro do ano, em língua portuguesa, publicado no Brasil, a obra faz "um mergulho no Portugal profundo, rural, com uma narrativa que alinha personagens emblemáticas desse universo arcaico".

No geral, a categoria romance conquistou mais um prémio com A Resistência, do escritor Julián Fuks, que ficou em segundo lugar.

O volume de poesia O livro das semelhanças, de Ana Martins Marques, obteve o terceiro lugar, e Arthur Dapieve colocou-se como quarto vencedor, com os contos de Maracanazo e outras histórias.

Entre os dez finalistas do prémio estava o escritor português, Gonçalo M. Tavares, com o romance Uma menina está perdida no seu século à procura do pai.

Estes finalistas foram escolhidos por um júri, a partir de uma lista de 50 obras semifinalistas, provenientes de um grupo de 740 títulos concorrentes, dos diferentes géneros - poesia, romance, conto, crónica e dramaturgia. Além das obras de José Luís Peixoto e de Gonçalo M. Tavares, estavam também, entre os semifinalistas portugueses, os livros de poesia de Matilde Campilho, Jóquei, e do sociólogo Boaventura Sousa Santos, 139 epigramas para sentimentalizar pedras, e os romances Não é meia-noite quem quer, de António Lobo Antunes, e O pecado de Porto Negro, de Norberto Morais.

No ano passado, o prémio Oceanos, em primeira edição, que sucedeu ao Prémio Portugal Telecom de literatura, foi atribuído ao escritor brasileiro Silviano Santiago, de 80 anos, pelo romance "Mil Rosas Roubadas".

José Luís Peixoto nasceu em 1974, em Galveias, venceu o prémio José Saramago, em 2001, com o romance "Nenhum Olhar", o segundo da sua carreira, incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados no Reino Unido, em 2007, e recebeu o galardão Salerno Libro d'Europa, em 2013, por "Livro", entre outras distinções. O escritor estreou-se na ficção com "Morreste-me", em 2000, a que se seguiram, entre outros, "Uma Casa na Escuridão", "Cemitério de Pianos", melhor romance estrangeiro publicado em Espanha, em 2007, e "Em Teu Ventre". As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina, em França, Impac Dublin, Irlanda, e o antigo Portugal Telecom, Portugal/Brasil. Em 2012, José Luís Peixoto publicou "Dentro do Segredo, uma viagem na Coreia do Norte", primeira incursão na literatura de viagens.

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La Vanguardia, Novembro 2016

20.11.16

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Galveias es el pueblo donde nació José Luis Peixoto, uno de los escritores clave de Portugal, y también el título de su última obra: una exitosa joya literaria que rescata el universo de las poblaciones rurales antes de la era digital.

Aunque la novela transcurre en los años 80, parecería que estamos en otra era. ¿Es que se perdió aquel mundo rural? ¿Habría que rescatarlo?

Si y no. Por un lado, se perdió, y no hay manera de retener lo que tuvimos. Pero también es cierto que mirar al pasado puede sernos muy útil para decidir hoy y determinar lo que será el futuro. Desde cierta perspectiva, la vida y el ritmo de la ruralidad puede ser una referencia muy útil en el mundo que hoy se plantea, el cual nos trae cuestiones cuya respuesta no conocemos. Estamos haciendo muchos experimentos en distintas áreas que tiene una importancia mayor, me da la impresión, de lo que imaginamos

¿Por ejemplo?

Hablo, muy concretamente, de las redes sociales, Internet, el mundo virtual y la ilusión de proximidad que esas herramientas nos ofrecen

Justo los 80 son los años pre-internet, los de antes del mundo sumamente acelerado en que vivimos. ¿Estamos ganando o perdiendo?

Hay aspectos en que es muy positivo y otros en que resulta por lo menos peligroso y negativo. Siento que existe el peligro de que las relaciones, no sólo entre las personas sino con múltiples aspectos, sean más superficiales. Todo es muy rápido y a la gente a menudo le parece que todo tiene que consumirse y de manera muy rápida. Ocurre claramente con el periodismo. Aunque no se reconozca, existe la idea de que basta con leer los titulares; que la información es solamente la noticia. Y no es cierto. Con frecuencia, la contextualización es tan importante como la noticia. Es sólo un caso, pero hay otros muchos consumos que se realizan tendencialmente de manera muy superficial.

“La vida y el ritmo de la ruralidad puede ser una referencia muy útil en nuestro acelerado mundo”

¿Se refiere a otros ámbitos de la cultura?

Sí. También ocurre con el arte. Por cuenta de esa rapidez y de lo presente que está en nuestra vida todo lo que es visual, no es frecuente que nos detengamos ante una imagen y hagamos una interpretación, una lectura, una absorción. Y, sin embargo, cuanto más tiempo dediquemos a una imagen –me refiero a una imagen artística o con cierta riqueza- más partido le sacaremos. No será lo mismo si la contemplamos dos segundos que si nos paramos diez minutos.

Detenerse diez minutos para contemplar algo nos parece incompatible con nuestro ritmo, problema que no tienen los personajes de su libro

Es que el elogio de la ruralidad es muchas veces, el elogio del tiempo. Lo rural tiene unas características especiales al margen de la parte del mundo de la que hablemos. Una de ellas es la mayor cercanía con la naturaleza, con respecto al mundo urbano. En los pueblos, es la naturaleza la que define el tiempo. La noche y el día, las estaciones del año, la vida de las plantas y de los animales marcan los ritmos en los cuales nos integramos de un modo que, en las condiciones habituales, no nos agrede porque también nosotros formamos parte de la naturaleza y por lo tanto es todo equilibrado.

Una forma de vivir que ya es radicalmente distinta a la nuestra, ¿no?

Claro, porque la manera en que entendemos el tiempo tiene que ver con todo, desde el modo en que respiramos hasta la forma en que disfrutamos los días.

Pues andamos bien. Porque, ¿acaso no estamos perdiendo la ruralidad en toda Europa, en cuyas poblaciones rurales sólo queda gente mayor?

Desde luego. Y una de los objetivos de esta novela es llamar la atención sobre este aspecto. Creo firmemente en la literatura como vehículo de conciencia colectiva. En este caso concreto, creo que está clara mi intención de comunicar y aportar una idea sobre nuestra vida en común. El simple hecho de elegir como tema esa realidad, hoy día ya implica la intencionalidad de que se considere esa forma de vida. En Portugal, como en otros países, el envejecimiento y la desertificación del interior se sienten con intensidad y tristeza. En el año en que se publicó allí la novela, 2014, en Galveias murieron 50 personas y nacieron dos sobre una población cercana a las mil personas. Es una matemática trágica, cruel. Y muy difícil para quien conoce el enorme potencial de vida que existe allí.

“Se vive peor en las grandes ciudades porque se vive peor en los pueblos del interior”

¿Qué hacer?

No podemos dejar la supervivencia de ese mundo sólo en las manos de la gente que vive en esos lugares. Tiene que formar parte de una mirada más amplia que busque el equilibrio entre los territorios. Porque lo que estamos haciendo en Portugal es crear un desequilibrio que llama la atención en un país tan pequeño. No tiene nada que ver la vida en las grandes ciudades del litoral con la de los pueblos del interior, que se están quedando vacíos porque los jóvenes no tienen oportunidades. Lo cual es malo para todos. Se vive peor en las grandes ciudades porque se vive peor en los pueblos del interior.

¿Se refiere a la presión por la migración interior?

Exacto. Como consecuencia de políticas de muy corto plazo, sin visión del mañana ni de nada más allá de las próximas elecciones, en metrópolis como Lisboa surgen suburbios donde vive casi tanta población como en toda la región de Alentejo, que representa un tercio del territorio nacional. La gente no sale del interior por opción sino por necesidad, porque no tienen otro horizonte que recibir el subsidio del paro u otra subvención de las que te permiten vivir pero no tener autoestima y dignidad.

El Galveias de su novela es como un mundo. ¿Quiso hacerlo así o es sencillamente que esas poblaciones forman un universo por sí solas?

Lo que hago con la novela es dar cuenta de Galveias al mundo, y viceversa. El mundo tenía que saber que Galveias existía de esa manera y hoy sigue existiendo. Hay también una invitación a que la gente compare cómo era y cómo es.

Allí el libro habrá tenido un impacto enorme…

Allí la novela es como “la cosa sin nombre” que cae en el primer capítulo (aparentemente, un meteorito). Ver que el nombre sale en el libro, en los periódicos de Portugal… ¡En la televisión! Allí es muy importante, como para mí lo era ponerlo como título.

Los ha situado en el mapa; les ha dado autoestima.

Claro. Es una afirmación de identidad, y eso es vital. Desde el siglo XIX se instaló la idea del provincianismo como algo atrasado, con valores antiguos. Y sin embargo, tal como lo estamos tratando aquí, esos valores son revolucionarios. El hecho de que los hayamos olvidado lo hacen necesarios. Y cuando los traemos de vuelta son increíblemente subversivos. Porque estamos en un tiempo de superficialidad, soluciones instantáneas, de todo lo contrario a esa vida más orgánica, más despacio.

“Con Internet y las redes existe el peligro de que las relaciones sean más superficiales”

Una vida dura, también

Sí, ojo. Una vida con cosas que son difíciles de aceptar y que, en esa especie de ideología que se instaló, ignoramos. Como si fueran a desaparecer por ello. Hablo de la muerte, de la vejez. No porque las rechacemos dejan de existir. Sería mucho más útil y natural que las aceptáramos como vienen. Sería incluso más sabio.

En el pequeño pueblo no puedes mirar hacia otro lado…

Allí, cuando muere alguien es siempre alguien que conocemos. Y lo sentimos, porque en esos lugares la gente mayor tiene aún su puesto; no está en una casa apartada porque no queremos verla ni tener nada que ver con su debilidad y sus problemas. Por supuesto, también hay cosas negativas.

Los odios que crecen

Los odios antiguos y duraderos, por ejemplo, sí.

Portugal y España

Nuestros dos países comparten bajos índices de lectura. ¿A qué lo atribuye?

Tenemos un pasado de dictadura en el que no se valoró la enseñanza. En Portugal eso es muy evidente. En los últimos años del salazarismo el conocimiento y la cultura eran claramente entendidos por el poder como una amenaza. Sin embargo, se nota que hay cambios muy importantes el las últimas décadas. El caso de mi familia es muy paradigmático: mis abuelas no sabían leer o escribir; mis padres tuvieron la oportunidad de estudiar durante 4 años y de aprender a leer y a escribir; yo y mis hermanas estudiamos en la universidad y somos la primera generación de siempre en toda mi familia en tener estudios universitarios. Eso es increíble e importante. Te marca la vida. Para mí, personalmente, es muy fuerte saber que mis abuelos no podían leer y escribir, mientras yo soy escritor.

Los países meridionales también compartimos una distancia cada vez mayor respecto al norte de la Unión Europea. ¿Qué podemos hacer?

Es una pena y un desperdicio que no nos conozcamos mejor entre nosotros. Pero podemos tomar consciencia de lo mucho que compartimos, de lo tanto que pasamos juntos. Hoy, los pueblos están cada vez más lejos de los centros donde se deciden sus vidas. Al mismo tiempo, dejó de ser claro quién toma las decisiones importantes. Las instituciones perderán la cercanía y se volvieran transnacionales. Nosotros, países del sur de la Europa, compartimos una cantidad enorme de características, somos más que simples vecinos. Creo que esa consciencia y una actitud conjunta y concertada pueden hacernos más seguros de nosotros mismos, más fuertes, más felices.

 
 

 

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El Mundo, Novembro 2016

09.11.16

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¿Qué es lo primero que se debe preguntar a un poeta deslizado hacia la narrativa como José Luís Peixoto? Por la música, por qué otra cosa si no. ¿Hay una música relevante en sus relatos? ¿Una melodía reconocible?

"La idea de la música en la prosa está siempre presente para cualquier persona que quiera escribir y, sobre todo, para cualquiera que quiera escribir y tener un control sobre lo que escribe. Lo de control hay que ponerlo entre comillas porque nunca es real. La música es siempre una ambición, está condenada a no cumplirse. Es una de esas palabras como amor o libertad... ¿Que si tengo alguna música en la cabeza para mis libros? Mire, yo ya tengo más de 40 años, escucho música mucho más variada de lo que escuchaba cuando era más joven. Pero hay un secreto en mi vida: siempre he estado muy vinculado al rock... al rock pesado. Sé que seguramente no sea eso lo que esperan los lectores. No sé si la gente que se pueda interesar por mis libros se sentirá un poco asustada con esto del rock pesado".

 

¿Escribe Peixoto como un metalero cuarentón? Bueno. Depende de las expectativas de cada lector, de cada oyente. Galveias la nueva novela del escritor portugués (editado con el sello de Random House) es áspero, polvoriento y escueto, pero también es evocador y dulce. Hay vísceras de perro, olor a azufre, intentos de violación, motos trucadas, prostitutas brasileñas, disparos en la madrugada... Muy en resumen, a lo largo de las 244 páginas del relato se van trenzando las vidas de los habitantes de Galveias, un pueblo del interior de Portugal que existe realmente y que fue el lugar en el que nació y creció Peixoto. "Me fui a los 18 años, a estudiar a Lisboa. Hasta ese momento, no tuve otro sueño que el de irme del pueblo. Después, comprendí la importancia que tiene Galveias en mi vida. Ahora sigo yendo. A mis hijos les gusta, les asombra la libertad de la que gozan cuando van al pueblo. Veo a mis hijos y me parece trágica la falta de libertad que hemos aceptado". Peixoto, se ha contado mil veces, lleva tatuado en el brazo derecho Yoknapatawha, el condado imaginario de William Falkner. Queda todo más claro, ¿verdad?

 

-¿Y por qué llamar a ese pueblo Galveias y no Galveiatawha o cualquier otro nombre inventado?

 

-Para mí, tener una referencia real era muy interesante. Ahora estamos hablando de Galveias y, en este mismo momento hay gente que camina, va a trabajar y sigue con su vida en Galveias. Que sea ficción y que sea realidad, era irresistible para mí.

 

El otro marco de la novela es 1984, el año en el que ocurren los hechos de la novela. "Era una época de inocencia en Portugal. Estaba la gran esperanza de la Comunidad Europea y habían pasado 10 años desde la Revolución de los Claveles. Pero, al mismo tiempo, era una época en la que un pueblo así podía ser retratado encerrado en sí mismo. El protagonista no es el momento histórico, es el pueblo".

 

El relato empieza en enero, con un meteorito que cae en una fina del lugar. ¿Un meteorito? parece el presagio de una sucesión de páginas mágico-tremendistas, como de pueblo manchego en una película de José Luis Cuerda. Sin embargo, Galveias es estrictamente realista. ¿Por qué ese equívoco? "Fíjese que ésta es una novela en la que todo está muy nombrado. Los nombres de las calles, de las personas, de los perros... Lo único que no tiene nombre es el meteorito. Ni siquiera aparece la palabra meteorito, se habla de 'esa cosa', 'esa mierda'. El meteorito funciona así, como una presencia turbia que contrasta con todo el relato. No es un cimiento sobre el que construir un puente. Más bien es una nube".

 

El viaje que empieza con esa nube astral termina con un asesinato. En medio queda un montón de sexo sórdido, nada dulce. "Esta novela tiene una dimensión social y ahí entra la gran diferencia entre el lugar que tienen el hombre y la mujer. Es un tema muy ibérico", explica Peixoto. "Pero, a veces, también hay cierta delicadeza y cierta ternura".

 

Al final, es lo de siempre: en las ciudades nos gusta el campo para pensar en él como una arcadia naíf o como un escenario grotesco. Y ni una cosa ni la otra. "la ruralidad nos ayuda a pensar el punto en el que estamos. El mundo cambia a toda velocidad, más rápido de lo que podemos asumir y nos deja sin referencias. En cambio, en el campo, las referencias están claras, los cambios son naturales y nos parecen justificados y comprensibles. Hoy en día, lo rural es revolucionario".

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El País, Outubro de 2016

21.10.16

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José Luis Peixoto, considerado uno de los grandes escritores actuales de una tierra de grandes escritores —Portugal— estuvo en Uruguay (en Rivera y en Montevideo) a presentar Cementerio de pianos editada por la uruguaya Casa Editorial Hum que ya le había editado Historias de nuestra casa en 2009.

Durante su visita a Montevideo, en la que estuvo en el Filba y en la Feria Internacional del Libro, Peixoto —quien nació en 1967 en Galveias, cerca de la frontera con España, por lo tanto habla en un español más que decente— charló con El País.

 

—Hace 10 años que publicó Cementerio de pianos. ¿Cómo es su vínculo con ese libro?

—Habla de aspectos muy personales y con los cuales me vinculo de una manera muy íntima. Es un libro que trae todo el tema de la familia y que cuando lo escribí en algunos puntos muy relevantes lo trabajé desde mi propia experiencia. Por eso sigue teniendo mucha importancia y algunos aspectos son etapas de un camino que me hizo llegar a donde estoy. Es muy fácil hablar de él.

 

—¿Por dónde empezó con esta novela? ¿Con la historia, con la forma?

—Es una novela que escribí en dos momentos. Tenía un punto de partida que es el primer capítulo con un narrador que habla de su muerte que se superpone con un nacimiento. Después todo lo que es del nivel de la ficción, lo elaboré a partir de ese inicio. La escribí con algunos aspectos muy determinados pero llegué a un punto donde me quedé atrapado en cuestiones como la dimensión histórica de Francisco Lázaro. Así que volví a escribir todo más centrado en el núcleo de la novela que tiene que ver con cuestiones que no son la descripción biográfica de Lázaro, a quien, además, saqué de su tiempo histórico.

 

—Alguien ha dicho que su literatura "huele" a Juan Rulfo. Más allá de lo feo de la imagen, ¿usted siente que en esas voces de los muertos, por ejemplo, hay algo de Rulfo en Cementerio de pianos?

—Escribí mi primera novela muy joven y la publiqué a los 26. Y ya entonces se hablaba de una influencia de Rulfo. Y yo no lo conocía. Así que lo empecé a leer (lo primero fue Pedro Páramo) y quedé muy impactado. Para esta novela ya tenía consciencia de Rulfo, un escritor que a mí me dice mucho. No sólo por eso de las voces, sino por su ruralidad elemental y mitológica. Para mí es muy elogioso que me comparen con Rulfo, pero es cierto que todos los libros que uno absorbió son influencias para bien o para mal.

 

—A veces no se es consciente de lo importante que es la cultura portuguesa. En el cine están Miguel Gomes, Pedro Costa, antes Manoel De Oliveira. En la literatura Pessoa, Saramago, Lobo Antunes. ¿Por qué se da eso?

—Hay una tradición muy fuerte y es un poco como en Cementerio de pianos donde están los padres y los hijos y las generaciones dan lugar unas a las otras. Eso tiene algo que ver. Es verdad que las generaciones anteriores son de gran calidad y cuando uno ve un Fernando Pessoa en una literatura es una señal...

 

—¿Y no es un peso?

—No creo. Igual para cualquier escritor en cualquier parte del mundo escribir y publicar siempre es una osadía. Es ponerse al lado de cosas del pasado pero también del presente porque los libros siguen ahí. Publicar un libro nuevo siempre es tener esa ambición de afirmar que ahí hay algo para acrecentar lo que ya existe, que es distinto y que vale la pena. En el caso de Portugal, es importante considerar esa herencia: no se puede escribir en portugués ignorando a esos maestros.

 

—Y no hay una actitud parricida.

—Nunca la tuve. No sé por qué. Históricamente hay un aspecto muy curioso sobre mi generación: nacimos en los años del fin de la dictadura y en un cambio muy grande en la sociedad portuguesa. Crecimos en una época en que Portugal cambió muchísimo y ese fue el parricidio. Fue natural.

 

—Usted publicó Dentro del secreto, su crónica sobre un viaje a Corea del Norte. ¿Cómo fue eso?

—Me interesó como desafío. No solo el tema sino la manera de tratarlo ya que tiene una diferencia muy grande con mi literatura que es muy personal y ligada a la familia, a mi espacio de origen y a esa realidad rural. Alrededor de 2011, después de publicar Libro, tenía ganas de hacer algo diferente y se me ocurrió ir a Corea del Norte. Describe un viaje que en realidad son cuatro viajes, que habla de la realidad de ese país tan lejano, diferente, y que genera tantas dudas pero también de nosotros, de cómo vemos al otro, incluso de cómo interpretamos la información y cómo determina lo que imaginamos del mundo.

 

—Usted viene del Portugal rural y eso es una presencia en su obra. ¿Es una mirada nostalgiosa?

—De alguna manera sí. Tiene que ver con dos aspectos. Uno es que yo salí ahí y de adolescente era lo que quería, pero después que lo hice pude reconocer las cosas buenas que tenía y que perdí al irme.

 

—¿Y una nostalgia por otro Portugal?

—Hay una reflexión sobre el Portugal del interior. Somos un país desequilibrado con un desarrollo distinto en el litoral y el interior cada vez más envejecido y sin esperanza. Es muy duro cuando voy a mi pueblo y veo que el año pasado murieron alrededor de 50 personas y nacieron dos. Y eso que es un pueblo que mantiene una escuela, pero los otros ya no tienen niños. Yo tengo la oportunidad de llamar la atención de que si hay una visión de todo el territorio, todos vamos a ganar. Y desde lo cultural, ahí hay mucho que necesitamos como portugueses: ahí está lo que nos hace ser nosotros.

 

 

Un autor elogiado con una novela a atender

José Saramago dijo que "Peixoto es una de las revelaciones más grandes de la literatura portuguesa".

 

Más allá de elogios de un Nobel, Cementerio de pianos, una historia familiar en varios tiempos —que incluye al corredor olímpico portugués Francisco Lázaro, muerto en los juegos de 1912— está muy bien y muestra a Peixoto como un gran autor. Saramago tenía razón.

 

CEMENTERIO DE PIANOS

Autor: José Luis Peixoto Editorial: Casa Editorial Hum

 

 

 

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El Observador, Outubro de 2016

19.10.16

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C.Pazos
 
 
Los tatuajes y los piercings que luce José Luís Peixoto parecen más de un músico de la escena underground que de un ganador del premio literario José Saramago y que ha sido traducido a más de 16 idiomas. Y es que las apariencias, como siempre, engañan. Extremadamente amable, Peixoto conserva la humildad del hombre de campo: nació en Galveias, un pueblito perdido en el interior de Portugal. Tiene 42 años, está casado y tiene dos hijos a los que "adora", dice. Y dice que el peor día de su vida fue el que murió su padre, al que no deja de extrañar nunca. En un muy correcto español afirma que en Sudamérica –por donde pasó hace algunas semanas, y en concreto por Montevideo para la Feria Internacional de Libro– se encuentra como en casa.
 
 
Es poeta, novelista, dramaturgo, escribe cuentos y colabora en varios diarios. Pero si tuviera que elegir un rubro, ¿cuál sería?
Es difícil elegir, la verdad. Yo empecé por la poesía y creo que siempre está presente en todo lo que escribo. Pero si tuviera que optar por uno solo, diría que es la novela, porque para mí siempre es un desafío, un reto. Cada una de ellas.
 
En Uruguay se han publicado tres libros suyos: Te me moriste, Cal y Cementerio de pianos. En todos la emotividad está en primer plano y hay una lucha entre la vida y la muerte. ¿Por qué?
Creo que la emotividad es la esencia de mi literatura y que también lo es en lo personal. De todos modos, quiero decir que no creo en esa separación artificial que pone de un lado a lo emotivo y del otro a lo intelectual, a lo racional. Creo que siempre van juntas, una al servicio de la otra. Por otra parte, el tema de la muerte es la gran cuestión de la humanidad. Se sea religioso o no, el asunto está siempre presente para todos porque forma parte de la vida, le da sentido.
 
Cementerio de pianos, con su emocionante saga familiar y la tragedia del personaje central, podrían inscribirse en la tradición latinoamericana. ¿Comparte esta opinión?
Sí, definitivamente. Los escritores latinoamericanos han sido una gran influencia para mí. Estoy convencido de que los portugueses tenemos mucho en común con todos los países de este continente. Hay una misma sensibilidad, una determinada manera de ver la vida y la muerte y una concepción del amor que es muy parecida.
 
¿Qué es Portugal?
Diría que somos un país que tiende a dudar constantemente de su identidad. En parte se debe al contraste entre lo que fuimos y lo que somos. Tenemos detrás una historia de grandezas. Por ejemplo, llegamos a pie a la India y fuimos un imperio. Y también tenemos todo lo contrario: miserias, dictaduras y un largo etcétera. Por eso creo que como país tenemos una visión bipolar: un día somos los mejores y al otro, un desastre.
 
A pesar de que se doctoró en literatura inglesa y alemana, lleva una referencia a William Faulkner tatuada en el brazo. ¿Por qué?
Forma parte de mi particular relación con la literatura. De muy joven leía escritores portugueses, sobre todo poesía. Luego pasé a los franceses y de ahí a los alemanes e ingleses, para al final cruzar el charco rumbo a América. William Faulkner me impresionó mucho, me fascinó. Pero el tatuaje (Yoknapatawpha) lo llevo no solo por admiración a Faulkner, sino por el significado de esa palabra compuesta de origen indio: "Agua que fluye lentamente entre las llanuras". Esa frase resume mi filosofía de vida.
 
¿Qué conoce de la literatura uruguaya?
Mi relación con la literatura uruguaya es muy salvaje, aleatoria. Al que más he leído es a Horacio Quiroga, impresionante. El almohadón de plumas, sin ir más lejos, es una maravilla. También leí algunas cosas de Eduardo Galeano, muy diferente.
 
Hace poco realizó un viaje a Corea del Norte. ¿Para qué?
Para estar dentro del secreto. Fue un delirio, pero tiene su explicación. Se debe a que no quería seguir un camino que parecía trazado de antemano. Con 25 años tuve mucho éxito en mi país y gané varios premios literarios. Diez años más tarde me di cuenta de que estaba atrapado en un ciclo perverso: escribir novela tras novela hasta mi último día. Y me rebelé contra ese destino: busqué hacer algo diferente. Y de esa visita a Corea del Norte está naciendo un libro distinto, que pronto saldrá a la luz.
 
¿Para qué escribe?
Escribo porque sé que hay un montón de cosas que no voy a hacer y la literatura me permite acercarme a esas muchas vidas que no voy a vivir. Además, escribir es una forma de pensar el mundo y de verme a mí mismo como yo soy realmente. Escribo para ser y para que los demás existan a través de mis libros.

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La Diaria, Setembro de 2016

29.09.16

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El silencio y la furia 

 

Como si fuera uno de sus propios personajes, José Luís Peixoto siente todos los años que pasaron, las historias de las que se fue despojando, los lugares que ha perdido, como se pierde una cosa, y sin poder olvidarlos. Casi como un personaje onettiano, Peixoto reflexiona desde un silencio que lo antecede. Pero, con un gesto definitivo, el escritor exorciza la escena: en el brazo derecho lleva tatuado “Yoknapatawpha”, el territorio mítico y sureño de William Faulkner. Y es que su verdad, al igual que la de Faulkner, siempre será una cuestión de ritmo. Hace tiempo que Peixoto dejó de ser el “nieto literario” de José Saramago y se convirtió en uno de los escritores portugueses con mayor proyección internacional, además de que su obra ha sido traducida a más de 20 idiomas. En Uruguay, Hum ha editado dos libros suyos, Historias de nuestra casa, en 2009 (con textos de 2000 y de 2007), y ahora Cementerio de pianos (cuyo original en portugués es de 2006); en ambos se descubre una narrativa contundente, con la que llega a consolidar verdaderos poemas escritos en prosa.

 

“Ayer me vinieron a contar que el hijo de Peixoto escribió sobre mí en un libro [...] si estuviera escrito de la manera que la gente acostumbra a hablar, no habría de estar escrito en un libro, ¿no es así? Puedo ser viejo, puedo no saber una letra, pero hay muchas que todavía sé”, se lee en uno de sus cuentos. Sus historias épicas se construyen a partir de una cadencia implacable y una potencia simbólica desgarradora, como en Cementerio de pianos, la novela inspirada en Francisco Lázaro, un carpintero portugués que compitió en la maratón de los Juegos Olímpicos de 1912, desfalleció mientras corría y murió.

“La edad de las manos”, el primer relato de Historias de nuestra casa, ya define esa singular mirada de Peixoto, que por momentos adquiere una autonomía delirante y onírica, y por otros se vuelve un auténtico documento de vida. Otros alternan padres que envejecen, fiebres incendiarias, campos, huertas, cuerpos.Cementerio de pianos avanza a partir de un relato a dúo entre el maratonista y su padre: “Cuando empecé a enfermar, pronto supe que iba a morir. En los últimos meses de mi vida, cuando conseguía hacer a pie el camino entre nuestra casa y el taller, me sentaba sobre un montón de tablas y, sin ser capaz de ayudar en las cosas más simples: igualar el marco de una puerta, clavar un clavo: me quedaba viendo cómo Francisco trabajaba ensimismado, en medio de una niebla de motas de aserrín. De joven yo también era así”, dice al comienzo Francisco Lázaro padre. Se trata de un recorrido a dos voces en el que se va registrando la vida, la muerte y sus continuidades, las distintas versiones del amor, el duelo y las miradas de niños que no comprenden. Así es cómo, a través de los sonidos, los silencios y los vínculos, se va cimentando un mundo increíblemente plástico y multiforme, en el que los personajes comienzan a mimetizarse, como las piezas de esas decenas de pianos en desuso. Se trata de una escritura sobre esas zonas misteriosas, que no conocemos del todo y que se repliegan como un último intento de supervivencia.

¿Recién llegás de Rivera?

-Sí, estuve en una escuela y en un centro de formación [docente]. No tenía idea de que existía un lugar en el mundo donde el portuñol se hablaba de una manera tan sistematizada. En Portugal, cuando hablamos de portuñol es como un chiste, que en el fondo quiere decir que la gente no habla bien español pero lo intenta, y por eso los mezcla. Pero en Rivera es toda una cultura plasmada en esa mezcla de la frontera. Me impresionó muchísimo, sobre todo porque yo nací en un pueblo a 60 kilómetros de la frontera [con España]. Ya tengo para leer la novela Viralata[de Fabián Severo].

Tus personajes son fundamentalmente obreros, ¿tiene que ver con tu proximidad a ese mundo?

-Sí, y esos son mis libros que están disponibles aquí. Ahora está saliendoGalveias [traducido por Pilar del Río, viuda de Saramago] -que es el nombre de mi pueblo-, y es un libro en el que esa realidad está muy presente. La vida de esa región es muy rural, y se trata de una ruralidad en la cual la gente trabaja para otros. Son áreas de latifundio, donde muy pocos son propietarios de la tierra y muchos son los que trabajan para ellos. Esa es la realidad que conozco desde que nací. Como se puede ver en Historias de nuestra casa y Cementerio de pianos, yo empecé por escribir sobre los asuntos que me eran más cercanos, como mi familia o ciertas cuestiones muy íntimas. Así fue como el círculo se amplió: hoy en día ya tengo ocho libros entre distintos mundos y temáticas. Por ejemplo, en mayo salió en España un libro escrito a partir de un viaje a Corea del Norte.

¿Ahí también se puede rastrear a Portugal?

-Sí, claro. En los otros siempre encontramos algo de nosotros mismos. De alguna manera, la literatura siempre busca al ser humano. Independientemente del espacio, de la cultura y del tiempo, lo humano es algo que permanece y que, en cierta dimensión, todos compartimos.

¿Cuánto determinan a tus personajes esos paisajes rurales o pueblerinos?

-En lo personal, y por mi experiencia, ese es un tema que me habla mucho. La cuestión de lo rural y lo urbano implica ciertos aspectos que, cuando uno los profundiza desde lo más absoluto, pueden llegar a lo mismo. Pero el hecho de considerar la ruralidad implica una visión de cuánto influye la proximidad de la naturaleza, o el alejamiento de ella, en el modo en que uno vive y entiende la vida. La vida pueblerina tiene ciertas características que la diferencian de la vida en la ciudad, y creo que una de las más importantes y fundamentales es esa de la proximidad con la naturaleza. Porque ese acercamiento se percibe en cómo uno entiende la muerte y el tiempo. Hay otros aspectos también importantes, por ejemplo en la dimensión social, como el hecho de vivir en una comunidad en la que todos se conocen, con lo que tiene de bueno y de malo, por la vigilancia y por cuánto el colectivo condiciona opciones y libertades. Para mí eso se vuelve muy natural, no sólo por lo que Portugal tiene de urbano y de rural, y por el contraste entre esas realidades, sino también porque crecí en un pueblo de 1.000 personas y hace 20 años que vivo en Lisboa.

En Cementerio de pianos, Francisco Lázaro es un hombre pobre que sólo se hace visible mediante su participación y muerte en los Juegos Olímpicos.

-Él es un símbolo nacional: por un lado, es muy interesante el hecho de que haya formado parte de la primera representación de Portugal en los juegos. De alguna manera, es una metáfora de un país bipolar, extremamente entusiasta, determinante y optimista; y luego muy derrotista, con un desánimo insoluble. Francisco Lázaro también tiene esa dimensión. En la novela, él desempeña un papel estructurante, sobre todo en lo que es esa familia. En Portugal, Francisco es un personaje que la gente no conoce muy bien; muchas veces se dice “ah, sí, ya escuché esa historia”, pero no es un relato presente a nivel popular. A su vez, él es una señal de su tiempo, porque en aquel momento Portugal vivía su primera república, después de salir de la monarquía, y el principio del siglo XX fue un período muy convulsionado de la historia portuguesa. En la novela decidí distanciar a Francisco Lázaro de su tiempo histórico; en ningún momento se hace referencia a que están en 1912, como ocurrió en la realidad.

También hay otros personajes que comparten esas características, sobre todo las mujeres, que por momentos pueden dar señales de una desolación total, pero en general se vuelven resilientes.

-En cierto modo eso es un reflejo de lo que representan las mujeres en el Portugal tradicional: un ambiente colmado de diferencias, una sociedad en la cual las mujeres y los hombres tienen lugares muy asignados. También tiene que ver con el lugar de los géneros como se entiende en una sociedad católica. Portugal es un país donde más de 99% de la población es católica. Toda esa manera de mirar el mundo es la que está muy presente. En lo que respecta a las mujeres, hay un respeto de las normas sociales, pero eso no significa, necesariamente, que las mujeres sean débiles. Y como ocurre en tantas otras sociedades del mundo, muchas veces las mujeres no tienen un rol tan reconocido, pero son el pilar de la mayoría de las cosas, y eso es lo que está más desarrollado en la novela. Incluso en las historias son el pilar que sostiene a los hombres y a sus debilidades, que muchas veces son tabú, de las que no se puede hablar, que no se pueden mostrar mucho, pero que, cuando surgen, en realidad son las mujeres las que se sacrifican para que ellos puedan mantener su posición de fuerza.

En un momento, en la novela se dice “El tiempo no tiene voluntad, tiene instinto”, y los personajes parecen seguir ese mismo rumbo de impulso.

-Sí, en la novela hay una tesis que la atraviesa, y que tiene que ver con las generaciones y con lo que uno hereda del pasado. No somos de generación espontánea. Hay muchas cuestiones que llevamos con nosotros casi que por herencia de nuestra civilización. Cuando nacemos, formamos parte de determinado medio, de una determinada sociedad, de la cual adquirimos valores y aprendemos maneras de mirar y comprender el mundo. Años más tarde, cuando ya tenemos conciencia y nuestras propias ideas y visiones, ya estamos condicionados por esa matriz. Es cierto que tenemos la posibilidad de rechazar muchas prácticas, pero también es cierto que la matriz se define desde muy temprano, de manera que muchas veces no tenemos conciencia de eso, y tampoco se vuelve una decisión personal. Por eso el libro también habla de la familia; si bien en la realidad la mayoría no es tan estructurada como esa, es un ejemplo que se vuelve sugerente.

Es sugerente acerca de lo generacional, y también de lo efímero de la vida: “A la hora de poner la mesa éramos cinco [...], mientras uno de nosotros esté vivo, seremos siempre cinco”.

-Cuando hablaba de la proximidad con la naturaleza en los pueblos, creo que esa es una de las cosas que hacen mucho la diferencia. Si vivís en un pequeño pueblo, conocés a muchos perros, y los perros mueren; tenés un conocimiento largo de gente de muchas edades, y la gente se muere. La muerte se vuelve más presente, porque la muerte en sí misma es natural. Es totalmente antinatural mantener a las personas vivas indeterminadamente. Y nosotros vemos -aunque siempre sea un tema sensible- que hoy en día la mayoría de las personas llegan a sus últimos años viviendo de una manera antinatural. No sé cómo es en Uruguay, pero en general las muertes son en hospitales, lugares donde se prolonga la vida sin importar su calidad ni si todavía sigue siendo una vida, ni si realmente se conservan las características esenciales de lo que realmente es estar vivo.

Pero a la mayoría de los personajes les pesa eso que comienza a faltar y que se pierde para siempre, sobre todo en Historias de nuestra casa.

-Esos cuentos pertenecen a dos libros distintos, Te me moriste [su primera novela, de 2000] y Cal [2007]. Lo que todos los relatos tienen en común es el hecho de que los protagonistas siempre son mayores, tienen 70, 80 años. Y muchas veces pertenecen a un mundo rural. Algo muy impresionante que viví desde mi niñez es la convivencia con gente muy mayor. Una característica muy marcada de mi región es el envejecimiento de la población. Es un lugar donde hoy en día casi no hay niños, porque Portugal -como Uruguay- es un país muy centralizado. Aunque no tenemos una ciudad con una diferencia de población tan grande como la de Montevideo, allí el desequilibrio está entre el litoral -del lado del océano- y el interior -del lado de España-. En el interior no hay muchas oportunidades de empleo, la agricultura está muy abandonada, y los jóvenes emigran al litoral, o al extranjero. Entonces, esos relatos no sólo están tocados por el desánimo del fin de la vida, sino también, y de una manera tal vez más importante, por el desánimo con respecto a grandes cambios, y el gran descenso de la vida en esas regiones. Es muy deprimente. Y te puedo decir que mi región, Alentejo, es la que tiene mayores tasas de suicidio. Curiosamente, esos suicidios ocurren entre las personas mayores, que se matan cuando dejan de ser autosuficientes. Creo que esto habla mucho del sentido de dignidad de las personas. En realidad, si conoces todos esos sitios desde antes, hoy en día es muy duro verlos.

Otros de los protagonistas sueñan con ser jóvenes, y en ese gesto alcanzan la felicidad, aunque sea momentánea y quimérica.

-Ese es un cuento que también incluye mucha ironía vinculada con la cuestión de la edad, algo muy importante para pensar el tiempo de la vida, en el sentido de que la edad es muy relativa, y nosotros vivimos de una manera muy curiosa, porque cuando comenzamos a acostumbrarnos a una edad, y a una posición en el mundo, todo cambia, y debemos transformarnos en otra cosa. O sea, cuando ya estamos bien posicionados con tener 20, despertamos y ya cumplimos 30. Luego, en un tramo, ya tenemos 50, y un día nos descubrimos con 70. Y, curiosamente, cuando tenemos 70 sigue siendo muy parecido a cuando teníamos 20. Paradójicamente, cuando llegas a una determinada edad, miras hacia atrás y piensas en cómo veías a las personas de tu edad, y ahora la tienes. Por eso, el cuento hace un salto entre las dos edades, y hay cierta soberbia y arrogancia del personaje joven.

Propia de la juventud.

-Claro, como cuando Oscar Wilde decía “ya no soy lo suficientemente joven como para saberlo todo”. Me interesa reflexionar sobre eso. Alguien cuyo nombre no recuerdo decía “nunca seré viejo, los mayores siempre tendrán 15 años más que yo”. Es interesante. Hay un aspecto que me lleva de nuevo a Cementerio de pianos, y es el momento en que uno llega a la edad que tenían sus padres cuando nació. Yo ya tengo más de esa edad. Hoy en día me veo con la edad que tenían mis padres cuando yo era niño, y tengo memoria de cómo los miraba a ellos cuando tenían esa edad. Para mí es increíble mirar a mi hijo y ser consciente de cómo él piensa, o de cómo él me puede ver. Muchas de esas cosas que la gente lleva de una manera muy libre, como amar, o vivir, o tomar decisiones, son un proceso y un desafío intelectual muy fuerte.

“El hombre que está sentado a la puerta” es un cuento que se diferencia de los demás y que hasta puede leerse como una declaración de principios, en la que se cruzan el autor, su representación y su mundo de ficción.

-Me encanta cruzar dimensiones. La literatura lo hace desde hace mucho tiempo, [Julio] Cortázar y [Jorge Luis] Borges lo hicieron siempre. Y creo que, más que autobiografía, eso siempre tiene alguna verdad, en el sentido de que la existencia está hecha de múltiples capas, de diversas realidades, y unas no son más reales que otras. Tenemos que intentar considerarlas todas, para así poder contar con una conciencia lo más plena posible. Es cierto que el hijo de Peixoto de ese cuento existe. Y soy yo en cierta parcela, porque yo no soy sólo el hijo de Peixoto, ni siquiera sólo soy ese hijo de Peixoto. Cada persona siempre es mucho más compleja y, de alguna manera paradójica, nos trascendemos a nosotros mismos. No alcanzamos a tener esa conciencia plena. No es posible, somos más grandes que nuestra propia comprensión. Traer lo autobiográfico, la ficción, lo fantástico, lo social, lo realista, es un intento de expandir la visión de los lectores a través de sugerencias que les plantean un esfuerzo. El texto, a través de distintas estrategias y temas, siempre se vuelve una máquina que plantea al lector un trabajo que él mismo deberá realizar.

Antes de terminar, ¿es cierto lo del tatuaje faulkneriano?

-Ah, no, eso es mentira... [Después de arremangarse la camisa y mostrarlo, dice:] Sí, y no era muy joven cuando lo hice.

¿Es un intento de materializarlo?

-Sí, tiene mucho que ver con eso. Y es algo que a mí me habla mucho. Mira, hace 16 años que hago mi vida alrededor de la literatura. Y si bien siempre ha estado presente en mi vida, ahora es algo que hago profesionalmente. Y esto es algo que nunca había imaginado. Entonces, para mí es increíble y fascinante llegar a un país tan lejano del mío como este, y verte llegar con mi novela, y que me hables del hijo de Peixoto, y de cosas que en un momento sólo existieron en mi mente, en mis visiones personales. De alguna manera, eso es algo que también está presente aquí [señala su tatuaje], porque Yoknapatawpha es un lugar que no existe físicamente, pero que sí existe para todos los que conocen esos libros y tienen la generosidad de darle cuerpo, como siempre ocurre con la lectura. Al mismo tiempo, Faulkner me encanta. Esa palabra es un neologismo de los Chickasaw, una tribu de Mississippi, y significa “agua que corre despacio por las llanuras”. Esto es algo que me habla mucho, y que también tiene mucho que ver conmigo.

 

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